MUITO AMOR ENVOLVIDO!

12:39:00

- Amor vamos! Iremos nos atrasar. Meus amigos estão esperando. – Esbraveja Clara enquanto Juninho amarra os tênis e ele responde:

- Você quer ir mesmo a essa festa do “povim da facul”, amor?

 - Claro! São meus amigos, não os vejo faz mais de 5 anos. Vou rever todos, você vai revê-los também, vai ser legal. Vamos logo!

Juninho deita na cama e tira os tênis com os pés.

- Sabe o que é? Amanhã eu tenho que acordar cedo para trabalhar, eu não estou afim. Vamos ficar em casa quetinhos vendo filme. Netflix é melhor que os seus amiguinhos playboys né.

Clara não acredita no que ouve:

- EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ VAI FAZER ISSO DENOVO COMIGO! O que que custa rever meus amigos? Eles adoram você. Eu me interesso pelos seus gostos. Quantas vezes te acompanhei em lugares que pra mim não fazem sentido, mas por VOCÊ, eu fiz. Vamos, levanta e para de brincadeira. Não faz isso comigo.

- Eu nunca gostei dos seus amigos machos, acho que todos querem te comer. Eu me finjo de simpático, assim como faço com sua família cheia de gente fútil. Seus amigos não passam de um bando de engenheiros podres de ricos que gostam de se exibir e dão em cima de você e você finge que não vê. Estou de saco cheio de você trabalhando rodeada de homens, você de papinho com seus primos, dando moralzinha para qualquer um que passa na sua frente. Você não vai nesta festa e nem eu.

Clara senta e começa a chorar.

- Vai começar tudo de novo?

- Você pede Clara. Está achando que eu sou bobo. Eu sei que você adora conversar com homens por puro prazer de me ver sofrer.

Clara o responde, mesmo querendo se manter em silêncio para que a briga acabe logo:

- O que você quer que eu faça? Que eu me tranque em casa e não tenha contato nem com a minha família? Que não trabalhe na área que estudei só porque tem muitos homens? Nós já conversamos sobre isso e você disse que ia me respeitar.

- Pois é. Mas eu não vou tolerar mais esse tipo de coisa. As vezes sinto que me envolvi com uma vagabunda, que só escolheu ser Engenheira para dar para vários caras.

- Eu não vou tolerar você falando comigo desta maneira. Eu vou dormir fora hoje.

Ele se levanta e a agarra pelo braço e diz:

- Você está pedindo para que o pior aconteça.

-Me solta!!! Grita Clara. – Se você encostar a mão em mim eu...




E o primeiro tapa foi desferido. Clara cai no chão e fica desnorteada. Corre para o banheiro e se tranca. Enquanto isso Juninho implora para ela abrir a porta e pede desculpas atrás de desculpas.

- Amor? Desculpa, eu não sei o que aconteceu comigo. Sai, vamos conversar, eu me exaltei. Você sabe que eu te amo. Isso foi uma besteira. Por favor, sai e vamos conversar. Eu te amo, porra!

Clara só chora e não responde ao namorado que há um mês lhe pediu em casamento. De tanto chorar acaba dormindo no tapete do banheiro. Do lado de fora Juninho não para de gritar e pedir desculpas. Passadas 4 horas Clara resolve sair do banheiro. Juninho levanta do chão em desespero e a abraça.

- Você está machucada? Meu Deus, desculpa. Eu prometo que não vou fazer mais isso. Foi só dessa vez. Eu te amo mais do que tudo. Não me abandona.

Clara não responde, segue em direção ao sofá, tira as roupas e se deita.

O despertador toca, ela se levanta para desligar e encontra Juninho com uma bandeja de café da manhã em mãos.

- Bom dia Clarinha. Fiz um pão na chapa, café com leite e comprei essas rosas antes de sair para trabalhar. Você está linda. Meio-dia saio do emprego e te busco para almoçarmos juntos, ok?!

Tantas coisas passam na cabeça de Clara, o estômago embrulha que ela corre para o banheiro e vomita.

- Meio dia heim! Te amo! Beijo - diz o Juninho, saindo apressado de casa.

Sai do banheiro, senta na cama, olha no celular vê uma ligação perdida de sua mãe. Várias mensagens de seus perguntando o por que dela não ter aparecido na festinha. Resolve tomar um banho e depois de se trocar, come uma maça. Os olhos se enchem de lágrimas enquanto ela olha para o nada. Pensa em ir à delegacia o denuncia-lo, juntar os trapos e ir para qualquer lugar. Mas se questiona. “Denunciar o próprio noivo? Mas o que a sociedade falaria quando soubesse do ocorrido? Eu sou a única das minhas amigas que é noiva e tem alguém na vida. Como seria a minha vida sem o Juninho de agora pra frente? “

Pensa, pensa e pensa de novo. O relógio marca 11:52. Vai ao banheiro escovar os dentes. Batom  vai nos lábios, passa uma maquiagem no rosto para tampar a vermelhidão em seu rosto, causada pela agressão de seu noivo. Óculos escuros no rosto e tênis no pé.


Meio dia Clara está na porta do prédio esperando por seu noivo, com um sorriso no rosto, disposta a salvar a relação de uma mera agressão.


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