O RASGO E O LAÇO

07:13:00


E então o laço desatou-se. Culpa de quem disse que estava amarrado forte. Tropecei e então levantei-me. Prossegui na rua. Muitos perguntavam se eu estava bem. Acenava com a cabeça, disfarçando o rasgo no peito que me deixou.

Segui na calçada e depois decidi ir para rua. Transitei entre os carros. Uns buzinavam, outros diziam para eu ter cuidado. Mas quem disse que eu queria segurança? Queria viver a adrenalina e presenciar de perto a emoção, a liberdade de ser quem se quer, mesmo ferida. Na rua fiz amizades e inimigos. Fui abraçada e xingada. Beijada e violentada. Desejada e odiada.

O laço continuou desamarrado este tempo todo. Aprendi a andar com passos espaçados, com precaução e olhando sempre para o chão. Por vezes perdi a paisagem, por vezes tropeçava e percebia a beleza do céu estrelado.

Deste modo, aprendi a viver com o rasgo e o laço.

You Might Also Like

0 comentários