POR AÍ - ARTE QUÂNTICO
13:11:00
Eis que vos apresento a nova coluna do blog, a “Por aí”, que tem a
intenção de ressaltar\abrilhantar\apresentar projetos e pessoas pelas cidades onde
percorro.
Para dar início a esta nova fase do blog, entrevistei na cidade de
Franca (SP) os fundadores do “Arte Quântico”, Aislan Adrian e Lívia Guerra, que
desenvolvem o trabalho de pixel art.
Aislan, 31, possui formação de técnico em Publicidade e Propaganda pelo Senac, enquanto Lívia, com 23 anos, é
formada em Gestão de Recursos Humanos e trabalha em um site de e-commerce de ferramentas. Há 2 anos, ambos se uniram em um projeto de pixel art que começou com o simples desejo de levar arte para as
ruas de Franca sem motivação financeira. Porém, o trabalho começou a ser notado
e se expandiu para a área de decoração, sendo hoje requisitado em locais como hamburgueria, cafeteria, academia e lares pessoais.
“Quântico” palavra mística, interligada com
a física e com o Budismo – filosofia de vida da qual são adeptos, tem o
propósito de passar a ideia de que “tudo está interligado e tem um propósito, assim como em nossa arte quando as peças se juntam”, explicou Lívia.
Cada arte, segundo a dupla, leva um tempo para ser elaborada. O coração pequeno (15cm x 15cm), emblema do projeto, demora cerca de 40 minutos para ser
finalizado, já artes maiores como a Monalisa, que foi para as ruas no dia da
entrevista, foi realizada em 3 dias.
"Já recebemos mensagem relatando que o Diretor de um Orfanato levaria as crianças à rua para contemplar as nossas artes. Aconteceu até de crianças fazerem mapas da cidade onde estão as nossas artes, como se fosse uma caça ao tesouro. Isto apenas nos motiva. Enquanto uma arte é arrancada das ruas, recebemos outras dezenas de ações que nos encantam e dão força", confessa a dupla.
A dupla já coleciona algumas exposições, como a ocorrida no início
de 2018 no Franca Shopping, além de, clientes que depositam total confiança no
trabalho desenvolvido. Mas também colecionam episódios desastrosos, como a
primeira intervenção, onde a cola usada para prender a arte não pegava no parede,
sendo que um fotografo havia sido contratado para registrar o momento. Também
houve o dia em que expuseram os quadros no restaurante “Sálvia Green Food”, e, no momento em que os convidados chegavam, uma chuva precipitou-se no local que é aberto e molhou todos os quadros.
Este ano, a dupla resolveu dar um “boom” em suas obras, produzindo
intervenções maiores, atribuindo o pixel
art a pinturas famosas, a exemplo de “Monalisa” pintura de Leonardo da
Vinci e a “A Noite Estrelada” de Van Gogh.
O Quântico está a um pequeno passo de se auto sustentar, fato que
se difere do início desta jornada. Aislan já dedica 90% do seu tempo ao Quântico,
enquanto Lívia ainda está no período de transição. O que traz dinheiro para o
projeto são as artes decorativas em locais comerciais e nas casas das pessoas.
Os preços variam de acordo com o tamanho e a mão de obra exigida. Cento e cinquenta (R$150) é o
preço inicial de um quadro emoldurado.
Enquanto acompanhava e fotografava a intervenção artística da
Monalisa realizada no Viaduto Dona Quita, localizado na Av. Ismael Alonso y Alonso, um homem resolveu se
manifestar. Mas, como o local é movimentado, preferi esperar que se afastasse
para que então entendesse seu ponto de vista.
Segundo Hermes, 53 anos, perito criminal, a pintura da Monalisa
original é bela, porém, daquela forma é uma distorção. Reforça que arte é
questão de gosto, o que pode ser bonito para uns pode não ser bonito para
outros. O problema maior, segundo o perito, é
que o jovem, da atual geração, só pensa no agora. Que após algum tempo de
exposição da Monalisa no pontilhão, ela irá se deteriorar, tornando-se assim uma
poluição visual. E que depois para retirar “aquela porcaria” (sic), o seu
imposto seria usufruído para a retirada da arte. A sua solução, então, seria a arte em
um local adequado.
Como expectadora aprecio a arte e, se depender de mim,
intervenções como estas só tendem a aumentar em Franca, uma cidade que PRECISA
de cor, arte e talentos como os desses meninos.
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